domingo, 23 de junho de 2013



Hoje senti vontade de escrever, coisa que eu gosto muito, afinal, eu trabalho com isso. Mas não é do escrever publicitário que senti falta, senti falta do escrever livre, sem objetivos, se bem que, enfim, sempre tem um objetivo. O que quis dizer é sobre um escrever sem pauta ou necessidade de aprovação.

É que hoje morreu um conhecido da família. Desculpe-me por dar essa notícia assim tão sem rodeios e eufemismos, mas é sempre assim que ela chega. Não sei se já escrevi um texto assim tão de coração aberto sobre a morte, porque na maioria dos outros desse mesmo tema, minha posição nunca é submissa. Mas sabe o que acontece quando meu coração fica aberto sob a morte? Tenho medo. Medo. E é claro que eu sabia disso, mas às vezes a gente se esconde, não é? E com certeza não lerei esse texto antes de publicá-lo - aqui é onde devo pedir desculpas pelos erros, right? – porque certamente estarei me escondendo.

Não gosto de ir a velórios, fui a um deles, nesses 21 anos de vida. A mãe de uma amiga faleceu, e quem visse nós duas abraçadas à beira do caixão, certamente pensaria que era minha mãe quem estava ali repousando.

Voltando ao meu desgosto por velórios, posso dizer que é porque gosto de manter a lembrança da pessoa ainda com vida, sem parecer muito clichê? Seria uma boa resposta, até porque, quando é sobre morte, não existem clichês. Não dá pra ser criativo, ousar, ser inovador com pouca verba e agradar o cliente, quando é morte, é morte.

Mas sabem de uma coisa, não frequento velórios pelo mesmo motivo que não escrevo sobre morte. Quero ficar longe o mais longe possível, pra que quando ela chegar (e ela chega sempre) eu coloque a culpa no elemento surpresa, e pense que fui pega só porque estava distraída. E eu estarei.